domingo, 4 de setembro de 2011

O MAIS PURO IMPROVISO - MAYSA M.

rotunda do ccbb











O MAIS PURO IMPROVISO

Maysa M.

Vai num último sopro

a vida percorrida

em sobressaltos

perdas e gozos.

Sabe-se tão pouco

da próxima parada.

No futuro só a poeira

se assentará

em algumas memórias.

Ai de todos nós.

Sobreviventes de

única certeza:

A morte virá

nos colher... Em premeditado

improviso.

Santa Teresa, 3 de setembro de 2011


Abraço carinhoso aos que por aqui passam.


Maysa

sábado, 3 de setembro de 2011

ALMA LIBERTA - MAYSA M.

Rotunda do CCBB- Rio







ALMA LIBERTA



Maysa M.



Corpo-cela inerte

não mais reclama

dores, vazios.

Não lhe afetam

Perdidas ilusões.

Alma liberta

Ocupa-se

da eternidade.

Em que todos

Estarão

Um dia.


Santa Teresa, 3.09.2011


Com imenso carinho pelos que continuam...

Dedicado à Alaíde, querida amiga, que partiu.

Maysa

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

INVERNO














INVERNO


O vento sibila.
Murmúrio veloz agita
Folhas e coração.


Maysa M.
Santa Teresa, 31 de agosto de 2011


Um abraço e um haicai.
Maysa

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

ENTRE PARÊNTESES - Santa Teresa, bairro atravessa o luto




ENTRE PARÊNTESES - SANTA TERESA, BAIRRO ATRAVESSA O LUTO

Sábado, 27 de agosto, o triste acontecimento. Um bondinho com superlotação, sem manutenção, desce desenfreado a ladeira. Em uma das curvas da Rua Joaquim Murtinho faz seu ponto final. Cinco mortos e dezenas de vítimas graves é o resultado dessa tragédia anunciada.

Para os moradores do bairro tristeza, desolação, revolta. Para as autoridades competentes (?) acreditamos que a omissão atingiu o limite.

Esperamos que os responsáveis, ainda, que não assumam as atribuições que os cargos públicos lhes conferem, sejam identificados, e responsabilizados diante da opinião pública.

Não foi acidental, foi descaso criminoso, gestão após gestão.

Querem privatizar tudo para enriquecerem impunemente. A conspurcada relação entre o poder público e os empresários dos transportes é, apenas, um aspecto da costumeira sujeira. Não dá mais para varrer pra debaixo do tapete.

Uma auditoria, em toda a Secretaria de Transportes do Estado do Rio de Janeiro, pode contribuir para a explicação dos atuais fatos.

O bondinho atende ao bairro há 115 anos! As comemorações pela data, em meio às reclamações antigas sobre a segurança, serão substituídas por mais reivindicações! Bem tombado merece ser tratado como patrimônio da história de uma cidade.

Com pesar,

Maysa


PS: Para quem quiser acompanhar visite o blog do Maurício

http://blogdomauricioporto.blogspot.com/2011/08/acidente-com-o-bonde-de-santa-teresa-o.html

Ou o Caderno Aquariano da Martha Pires Ferreira

http://cadernoaquariano.blogspot.com/2011/08/santa-teresa-de-luto.html

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

CHÃO DE BARRO - MAYSA MACHADO

foto da internet





CHÃO DE BARRO

Maysa M.


O barro vermelho iluminava o trecho do caminho, vegetação rala, um pouco de sombra. Subida íngreme, irregular, toda atenção necessária.

O vento cuidava de despentear seus cabelos que beijavam os ombros, enquanto as pernas, bem torneadas, sob a saia rodada, apareciam nos gestos mais largos, e não premeditados, que a pressa impunha.

Ela era jovem e corajosa. Morava desde pequena naquele lugar de acesso difícil, sem vizinhança próxima. Por perto, a casa da tia. Ia muito. Amigas e fãs amorosas.

Lá a paisagem imobilizava a todos. O mar imenso e aberto abrigava céu, ar, nuvens, pássaros, raios, trovões. E os navios cargueiros, presença constante, deslizavam por longos momentos, no enquadramento perfeito, que a porta da cozinha fazia... do lado de fora era tudo céu e mar.

A tardinha caía, com a envergonhada tristeza de um dia banal. Previsível, nos conformes. O coração da adolescente queria emoções, um príncipe encantado e prometido, descrito pelo universo feminino. Por aquela época iniciava, sem saber, uma longa espera.

Muitos anos depois, essa paralisia existencial seria substituída nas constantes buscas, por entre descobertas e aproximações, do que a vida lhe trazia e revelava.

Distâncias e proximidades seriam os paradoxos diários, os desafios para a perspectiva do íntimo em construção, e a identificação dos estranhamentos que podiam ser, ou não, recusados. Uma criatura insurgindo-se ao estabelecido ressurgia.

Santa Teresa, 12 de agosto de 2011


Meu abraço
Maysa

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

É ... PRECISO APRENDER A SÓ SER - GILBERTO GIL OU ZIZI?








Viver um tantinho a mais, no mínimo dá nisso: Poder de escolha maior. Na pior da hipóteses, lidar confuso com a multivariedade exposta, se iludir tentando escolher... tudo!

Assim, a bela composição de Gilberto Gil - É preciso aprender a só ser - dos anos setenta, me encantou tanto.

Talvez, um pouco mais que a canção de Marcos Valle, cujo título nos leva para outras viagens. É preciso aprender a ser só - foi, e é um standart do inspirado compositor.

Fico com a do Gil, na interpretação de Zizi. Música linda.

Uma amiga bem próxima, lembra que precisamos aprender a aguardar, e ouvir o outro. Domar ansiedades, mantendo o coração aberto. Exercício difícil nos dias atuais, rsrs.

Fique com a pétala.






Abraço.
Maysa

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

CENTENÁRIO RAUL

foto by cel/ maysa





DATA CENTENÁRIA



Maysa Machado



A vida quase sempre, em meio às lembranças, oferece paisagens, sons, cheiros, frases. Não são apenas sensações renovando momentos percorridos... são pequenas e sábias repetições.

Corria a década de 70. Morávamos na Urca. O casal e seus dois filhos. No apartamento pequeno, de sala, dois quartos, árvores e pássaros, além do suave ranger do bondinho do Pão de Açúcar, ainda, pintado de vermelho — subindo e descendo o morro — as cigarras cantavam, e enlouqueciam o despertar, tornando-o compulsivo, às cinco e meia da manhã.

Nesse trecho do bairro, incrustado entre a Praia Vermelha e a enseada da Baía de Guanabara, o asfalto ficava atapetado por minúsculas flores amarelas, que os garis, um pouco mais tarde, varriam e colocavam na caçamba.

Continua até hoje pacato, bucólico, um paraíso para quem gosta de viver em tranqüilidade. Um pouco mais adiante, a pracinha do Quadrado com seus barcos de pequeno porte. Chama-se, de fato, Praça Cacilda Becker.

Em 74, Caetano gravara Lupicínio, a canção ecoava. “Felicidade foi-se embora/ a saudade no meu peito inda mora/ É por isso que eu gosto lá de fora/ porque sei que a falsidade não vigora... A melodia nostálgica invadia nossas almas, em grande parte, doídas pelo cotidiano sem liberdades, de expressão, ir e vir, reunião.

Algumas tardes, vinha nos visitar um dos avós das crianças. Elegante, discreto, num tom quase cerimonioso, ficava ali conversando com os netos, e tomando o chá inglês, aroma de bergamota, que lhe era servido, com amor.

Meu sogro era uma pessoa encantadora. Reservado, porém solícito; de quando em quando um comentário leve, irônico.

A canção rodava num LP, em suas 78 rpm.

Sabia trechos da letra, repetindo-os como quem filosofa:

...O pensamento parece uma coisa à toa/ mas como é que a gente voa/ quando começa a pensar...”

Assim, fiquei sabendo de sua predileção pelas composições do autor — Lupicínio Rodrigues — gaúcho, como ele se sentia.

Hoje, nesta data, se ainda entre nós estivesse, espalhando com habilidade e sabedoria tudo que descobriu e conheceu, havíamos de comemorar seus cem anos de forma suave e bem humorada. Relembro com saudade sua importante passagem por minha vida. Repetiria o gesto e colocaria as músicas lindas, de seu compositor preferido para tocar, no cd. Quem sabe não o ouviria repetindo frases melódicas, enquanto ia sorvendo, no chimarrão, goles de esperança? Compartilhando causos e notícias dos bastidores políticos, da sofrida época.

Rio, 8 de agosto de 2011







Com um carinhoso abraço
Maysa

domingo, 31 de julho de 2011

EROS E PSIQUÊ - UMA AVENTURA - SEM CAPÍTULOS

museu do louvre/1997



EROS E PSIQUÊ

Desde cedo intui que o amor é o sentimento mais lindo e importante, que somos capazes de experimentar, pela vida inteira. Uma aventura sem capítulos. É preciso deixar-se comover, modificar. É preciso nutrir o amor, com mais amor.

Se nos chega de maneira inusitada, quase sempre surpreende, nunca repete nada. Você se descobre diferente, não é? Aceita a vida em qualquer dos seus aspectos. De repente tudo deixa de ser banalizado, em presença do amor. Ela — a vida — se torna mais essencial. A primeira mudança, talvez seja amar a própria existência.

O amor ressalta a humanidade, que habita em nós. É generoso, aberto. Precisa de ar, para viver! Quem não sente que os poros dilatam? Os sentidos agem em sintonia fina? A alma alça vôos sublimes. A vida fica suave, deliciosa.

E não há quem não veja isso, em você. Claro, se estiver amando...

Amar, é a coisa mais linda do mundo, dizem os trovadores, cantam os aprendizes. Sonham os solitários com sua vinda.

Ia esquecendo, mesmo contrariando o poeta, me arrisco: O ciúme não é o perfume do amor. Rsrsrs. Só se for muito leve, e bem passageiro.

Então, é fácil, disponha-se! Ame o amor! O segredo deixe, ele transportará, virá até você.

Enquanto isso admire a bela escultura, como eu, de Eros e Psiquê, está lá no Museu do Louvre. E se for pouco, ouça João Gilberto sussurrar Que reste-t-il de nos amours? Canção de Charles Trenet.

A letra e tradução, se quiser, estão aqui, à sua espera.

Um carinhoso abraço

Maysa





quarta-feira, 20 de julho de 2011

CONTOS HOMEOPÁTICOS (4) E O TEMPO DE AMAR? MAYSA M.

martha pires ferreira/
flor exótica/
bico de pena e aquarela/2009






E O TEMPO DE AMAR?


Maysa M.

Fui pra casa atordoada. A frase rude martelando em minha cabeça. Por que todos aqueles momentos encantados não tiveram encantamento algum, em sua vida? Por que o amor chega, se apresenta em alguns casos, só para um, e vai? Desaparece como fumaça de fogo pequeno.

Amor não correspondido é fracasso inapelável. Deleta-se rápido, num átimo de segundo. Às vezes sem o outro ficar sabendo.

Em mim levou anos, construções subjetivas, esperanças, tempo para o tempo... acontecer.

Hoje, na rapidez com que a vida se instala, e perpassa as muitas mídias, fica escondida uma revelação:

Quase não há correspondência, nem compromisso, muito menos afeto.

Onde fica o lugar do amor?

...

Um abraço

Maysa

domingo, 17 de julho de 2011

LABIRINTO - Maysa M.







LABIRINTO


Maysa Machado


Conhecido o caminho

a única saída surge.

Patética, solene.

Viver dói.

Pensamentos... se vem

vão, em disparada

buscar nexo.

Espanta.

O que faz sentido

é o pouco zumbido.

Melhor só silêncio

mansa quietude

...de ouvido.

Viver tira.

Pressa prá quê?

Se já não interessa

Viver

no cada dia algoz

do próximo momento.

Desperdício é juntar

qualquer ensinamento?

Viver

Encanta.

Santa Teresa, 17 de julho de 2011

Maysa

Carinhoso abraço de Domingo.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

MAGIA - MAYSA M.







MAGIA



Maysa Machado


Subiam a ladeira alegres, de mãos dadas, olhos nos olhos, e nos paralelepípedos que costumavam mover-se, sob pressão até de uma pisada em falso.

— Já estavam soltos mesmo! Sussurrou, para si, cabisbaixa... atenta ao passo, e desviando de alguns. O coração saltava junto, enquanto os olhos voltavam a fitar o homem ao lado. Que bom sentir a magia do amor, entrando pelas veias, subindo, com ela, desviando dos trilhos. Foi assim, matutando. Até que...

— Idiota! Exclamou impaciente, em tom alto.

O rapaz, curioso perguntou:

—- O quê? Você falou comigo?

O bastante para que, num gesto extremo, voltasse o corpo, e com total deboche lhe dissesse, em tom mais que frio.

—- Não, com minha avó.

O humor mudou na hora. Nervosa, ainda, tentava, dando risadas, retomar o clima extraviado, perdido. Ladeira abaixo.

...


Um abraço divertido,

Maysa

domingo, 10 de julho de 2011

MANSIDÃO - MAYSA M.

foto by cel/maysa/2010




Mansidão



Aquieta-te.

É noite.

Nenhum brilho de estrela

Pouca luz de festa.

Passa por ti

o frio do inverno.

Deixa em teu rosto

o desbotado da vida.

Não adianta correr.

Talvez o dia te espere

e quem sabe...

um velho-novo amanhecer.


Maysa Machado

Santa Teresa, julho de 2011


Um abraço a todos

Maysa

sexta-feira, 8 de julho de 2011

BILLY BLANCO - A BANCA DO DISTINTO,TERESA DA PRAIA,SAMBA TRISTE, MOCINHO BONITO



Não conheci paraense mais carioca que o Billy Blanco. Partiu do Rio, da vida, hoje pela manhã, deixando para quem quiser lembrar, ou conhecer, sambas lindos, crônicas em letras bem humoradas, sarcásticas.
Parceiro de Tom Jobim, em Teresa da Praia, sucesso de 1954, de Baden Powell, em Samba Triste . Tem uma extensa produção de qualidade.
Viva o querido boêmio, com carinho e malícia, no coração de todos. As interpretações de suas músicas foram várias. Desde Isaura Garcia, Elis Regina, Elza Soares, Dóris Monteiro, na conhecida Banca do Distinto, até Lúcio Alves, Dick Farney, em Teresa da Praia, João Gilberto, e muitos outros.
Todos traduziam suas palavras irreverentes, retratos de várias épocas e dos vários amores, em canções inesquecíveis.












Um abraço para os que amam música, e mais ainda a MPB.
Maysa

quarta-feira, 6 de julho de 2011

SANTA TERESA DE PORTAS ABERTAS - INVERNO 2011

















É tempo de delicadeza!
Realidade e abstração estão de mãos dadas, aqui em Santa.
Chegou o fim de semana em que Santa Teresa fica mais movimentada, alegre, cheia de novidades!
Os ateliês abertos, o público - vindo de todas as parte do mundo - chegando, as surpresas...
Vou fazer minha programação particular. Se não dá para subir e descer todas as ladeiras , ver tudo, vejo e revejo os preferidos...
No Parque das Ruínas apreciem a exposição Ponto e Linha - o traço delicado e poético da artista plástica Martha Pires Ferreira. Desenho e nanquim.

"Estou desenhando a parede da Galeria do Centro Cultural Parque das Ruínas, diz Martha:


- são 20 metros >>>> Ponto e Linha ..... levezas poéticas da imaginação
mais exposição desenhos nanquim sobre papel
> ficará até dia 31 de julho
Rua Murtinho Nobre 169 / Principado de Santa Teresa "


Então, encontro com vocês por lá!

Abraço

Maysa

terça-feira, 5 de julho de 2011

CANÇÃO DA MANHÃ FELIZ- HAROLDO COSTA/LUIZ REIS







Canção linda essa. Foi gravada, pela primeira vez, por Miltinho, cantor dos anos sessenta. Colecionador de sucessos.
Escolhi a interpretação de Elizeth Cardoso, pela magia que sua voz contém, e por saber que dessa magia a vida não se desfaz, mesmo nos momentos tristes.
A manhã está cinzenta, nublada.
E triste.
Inverno apenas? Não... São as notícias de perdas, partidas.
Portanto, para quem fica é preciso lembrar, acreditar mesmo, que toda manhã que desponta - luminosa ou nublada- deve ser feliz. Faça seu movimento para isso.
Manhã feliz do seu jeito, um pouco triste, um pouco cinza, de aparência fria e distante. Uma única manhã, em nossas vidas.
Há quem tenha o que comemorar. Nós temos.




Um abraço carinhoso para os que fazem aniversário nessa manhã.
Como você, Martinha querida.

PS:Quem quiser ler mais sobre Miltinho e Elizeth sugiro o Dicionário de Música Brasileira, do Ricardo Cravo Albin.

Maysa

quinta-feira, 30 de junho de 2011

DORIVAL E A MENINA _ MAYSA MACHADO










Um dia, aos quatorze anos, a mãe da menina lhe disse:

- Você tem mudado muito, querida! Só numa coisa vc continua igual.
A menina , curiosa, logo perguntou?
- No que mamãe?
- No gosto por Dorival. Desde pequenininha, quando a voz de Caymmi surge no rádio, você volteia, dança, sorri, canta. Até parece que nasceu na Bahia...

Minha paixão por Dorival é imensa, intensa. Amar a voz, a inspiração do baiano quieto, bonachão foi um dos bons cultivos em minha vida.





Um abraço no último dia de junho, para todos.
Maysa
Santa Teresa junho de 2011



segunda-feira, 27 de junho de 2011

O GOSTO DA SEGUNDA - FEIRA CINZENTA - MAYSA MACHADO







O GOSTO DA SEGUNDA - FEIRA CINZENTA

Maysa Machado

O gostoso barulho da chuva miúda, para mim é um cântico. Assim, adormeci com seu ritmo constante. Não sem antes rir, solitária, pressentindo a segunda- feira cinzenta, fria e úmida. Talvez, ao vestir-se o tempo nos dias que correm, com tantas características climáticas, obrigue-nos a aceitar que as mudanças estão por toda parte. Sobretudo, dentro de nós.

Reconcilio-me, então, com os dias chuvosos, nublados, pois até eles trazem uma beleza distante, que nos mostra a importância de viver. Se ficarmos mais nostálgicos, nada nos impedirá de exibirmos uma capacidade reflexiva considerável. Reaprendemos a ser.

Há o que detestar e sempre haverá: Caminhar na chuva é bom no cinema, não nas ruas do Rio. Mas esticar a preguiça e levantar mais tarde em manhãs cinzentas é prá lá de ótimo! Tomar chocolate quente, numa xícara bonita e fumegante! Vestir um casaco e ir ver o mar... Não só é divino, como a parte melhor que há na solidão.

Então, o ir e vir constante, mesmo na falta de movimento aparente, muda nosso olhar sobre o tempo. O tempo que passa espremido entre os ponteiros do relógio é o que nos ultrapassa nas tarefas deixadas de realizar, no espaço de um dia.

O tempo vivido, lembrado, passado recriado, reciclado, por chegar! É desse tempo interno, que se ainda nos mostra juventude de sentir, nos traz a eternidade de presente, em cada minuto.

Pode chover e ficar cinza, lá fora. Você se colore de amarelo, vermelho, verde, azul, rosa pink, turquesa, prata, ouro... lilás,laranja.

Santa Teresa, 27 de junho de 2011.

sábado, 25 de junho de 2011

DOMINGO DE SOL - MAYSA MACHADO





Presente de Aniversário


O mimo mais lindo, que recebi em toda a vida, foi minha mãe quem trouxe. E ela, com espontaneidade, repetia o presente a cada ano.

Engraçado, em pequena, imaginava a partir das leituras dos livros infantis, alguma coisa mais ou menos assim: Inverno é inverno, faz frio o tempo todo, e o sol não visita ninguém.

Uma criança de hoje, com as informações que recebe, pode, além de conhecer sobre diferenças climáticas em detalhes, ter certeza que o sol não se esconderá abaixo do equador por muito tempo. Imaginar invernos ensolarados não lhe aguçará nenhuma fantasia.

Da criança que fui, ficaram gravadas, em minha memória afetiva, conversas, frases:

— Você nasceu num Domingo de Sol! Amanheceu junto com aquele lindo dia, às cinco horas da manhã. Depois, vi o céu azul, nuvens muito brancas e gorduchas, como você. Foi o momento mais feliz da minha vida! A maior emoção de felicidade, sentida até ali.

Assim, minha mãe descrevia o dia em que nos conhecemos. E continuava...

— Seu pai queria que nosso primeiro filho fosse uma menina, chegou você, tez rosada, a boca feito um coraçãozinho vermelho, olhos e cabelos castanhos, criança robusta, saudável. Nossa alegria daria prá fazer muitas festas...

Recebi presentes de aniversário variados, mas o que sempre mais agradou foi esse apanhado de emoções condensadas por minha mãe, nas frases amorosas que me disse, e repetia a cada ano.

Uma pessoa que nasce num Domingo de Sol deve ter algum atributo especial — sonhava.

Com o tempo, páginas sendo vividas e viradas, fui percebendo que o mais é mesmo um amor forte pela vida. Uma alegria que vence qualquer desafio e que sobrevive a qualquer perda, até as afetivas. Há um ciclo interno, movido à felicidade, que se repete. Deve ser a tal de Esperança.

Todos os dias só contam porque existem os domingos. E neles, a única surpresa esperada: Um sol que brilhe e aqueça a todos. Esse ano tomara que a segunda- feira seja de sol brilhante, calorzinho de inverno carioca, rsrsrs. E já estou esperando muito amor, carinho, amizades sinceras... tudo isso com saúde, que é fundamental prá receita continuar a dar certo.

Santa Teresa, 23 de junho de 2011

Com um carinhoso abraço

Maysa



sexta-feira, 24 de junho de 2011

CHEGANÇA - NARA LEÃO


Não é saudade, apenas revisito.
Adoro estar, aqui, em 2011, totalmente instalada no primeiro ano do segundo decênio, do terceiro milênio, e aprontando a disposição para acompanhar a programação que é extensa.
Desejo chegar lá, primeira etapa: 2020. Vou?
Já que a certeza vem depois, falo e ouço ecos de 1964 .Esse ano fez parte de minha vida, da de todos os jovens, com suas propostas despojadas, as mesmas dos que já tiveram vinte anos...
Agora Nara, Elis, Edu, Vianinha, não são passado, são marcos da criação, de alegria e de nosso olhar debruçado pela cultura popular.
CHEGANÇA , canção de EDU e VIANINHA, é trabalho de educação musical no colégio das netas! E dizer, ou lembrar que sua avó assistiu comovida NARA, no Teatro Opinião.

Chegança

Edu Lobo - Vianinha

Estamos chegando daqui e dali
E de todo lugar que se tem pra partir
Estamos chegando daqui e dali
E de todo lugar que se tem pra partir
Trazendo na chegança
Foice velha, mulher nova
E uma quadra de esperança
E uma quadra de esperança
Ah, se viver fosse chegar
Ah, se viver fosse chegar
Chegar sem parar, parar pra casar
Casar e os filhos espalhar
Por um mundo num tal de rodar
Por um mundo num tal de rodar

É curioso ficar vivo, mais ainda, ter o propósito de envelhecer compartilhando lembranças.


Beijos
neste dia de fogueiras acesas para assar batatas, milhos, jamais idéias!


VIVA S. JOÃO!!!!