quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

FÉRIAS, CRIANÇAS, SURPRESAS DELICADAS





Ontem, passei a tarde e início da noite em muito boa companhia - Ana e Raul - os netos do Leblon.

Faltou um violão para brindar essas férias, acompanhar esses encantos... Nas próximas providencio!

Vi e ouvi, ao meu redor, tanta expressão de gente criativa... Crianças, sobretudo!

Na piscina uma avó, como eu -só que muito mais sabida- convidava o neto, de uns 10 anos, para conversar debaixo d’água. Assim fizeram e riam, riam, voltavam à tona... E eu, boquiaberta, expiava, aprendia. Mágica e lúdica essa tal cumplicidade do afeto.

Imaginem-se fazendo o mesmo convite! Imaginem a cara de alegria do pequeno rapaz... E da avó! Imaginaram?

Eu, por meu lado, queria logo mandar a originalidade passear e copiar, reinterpretar aquele momento inesquecível para ambos.

Crianças tiram... E nos dão fôlego! Brilhos de vida.

É bem verdade que esses encontros, também, nos despertam para os limites e os nãos que o passar dos anos traz.

Minha neta é uma lourinha serelepe, dinâmica, inteligente, linda e muito levada!

Sensível é capaz de aquietar-se a um canto, olhando a paisagem, curtindo a tristeza de ficar de fora de uma brincadeira entre amiguinhas da mesma idade. Entretanto, toma-me alegria completa, ao vê-la pendurada num cipó, balançando e fazendo estrela, depois subindo numa amoreira próxima. O perigo logo se instala, e quase enlouqueço pedindo que desça, desista de capturar a simples e delicada frutinha negra, e ela... Continua subindo. Apelo, sorrio, seduzo... Nada faz a intrépida descer!

Apelo, dessa vez, para a pressão alta! O local já está ermo, sem visitantes ou funcionários. Descubro um jeito de oferecer-lhe a deliciosa frutinha e evitar o provável tombo.

- Desce! Vou balançar os galhos!

Dá resultado. A grama fica pintada de pontinhos escuros e vamos abaixadas, colhendo, comendo!

- Vó, como você é preocupada...

Saio com a coluna em frangalhos... O coração em festa de arromba!

Ficaria, por aqui, contando mil histórias de vó! Mas a que deixo com vocês é de matar de rir...

Quase finda a expedição lá pros cafundós do maravilhoso clube, dentro da lagoa Rodrigo de Freitas, ela passa a me reapresentar sua árvore e a de seu irmão, que foram crescendo junto com eles. Com a primeira, delicada e graciosamente, dança um tango, conversa. Com a segunda, informa:

-Vovó a palmeira do meu irmão ficou grávida e deu filhote: É essa aqui do lado!

Banhos tomados. Vovó pede xampu emprestado, um autêntico conversê entre meninas, recolhidas as tralhas e apetrechos aguardo... Paciente até que todos estejam prontos.

Vem então o menino encantado, doce, amoroso e ardiloso. Pergunta, sorrindo com seu jeito cândido:

-Quer um abraço?

-Querer eu quero! Eu lhe respondo.

A cumplicidade de olhares captada entre irmãos e amiguinha quase me transtorna. Algo estão aprontando! Dessa vez o que será meu Deus?

Ele, já no abraço, sussurra para elas bem próximo ao meu ouvido esquerdo:

- Anda rápido!

Surpreendo os três: -Tão aprontando alguma... E, ao mesmo tempo, sinto descendo da cabeça ao pescoço, e colo algo colocado por mãosinhas ágeis e leves, como folhas...

Grito.

- Não são formigas, são?

Eles riem, me abraçam e quase desmaio.

Acabava de receber uma chuva de pétalas de flores silvestres, pequenas rosas cor-de-rosa, as flores exuberantes e delicadas dos flamboyants...

Bem alto alegrei-me, agradeci e perguntei incrédula:

-Vovó merece tudo isso?

Ofereci o colo aos dois, e também à meiga Vic, amiguinha. Encarapitados, em cada perna, sorriam. Raul, meu neto, oferecia sem qualquer cerimônia meu regaço, alardeando:

-Pega na Vovó! Ela é muito macia!


Um abraço deliciado de vó corujíssima.

Maysa


8 comentários:

AC disse...

Oh, Maysa, quanta ternura no ar quando fala dos seus netos! É bem verdade aquele dito (brasileiro?) de que o amor dos avós é mais açucarado...
Gostei muito de partilhar os seus amores incondicionais!

Beijo :)

Unknown disse...

Maysa!

Que saudade de você.
Que deliciosa e delicada história. Imaginei que as crianças serelepes jogariam qualquer coisica em seus cabelos... Eu era danada! Tiro por minhas traquinagens!

Uma chuva de flores... Que presente emocionante e lindo. É de encher os olhos d'água...

Que alegria eu senti em tuas palavras... E até ouvi tua voz. Uma trilha de fadas se fez ouvir em mim quando enxerguei as pétalas caindo em festival sobre a sua cabeça. Uma corôa de Amor e Alegria!

Beijos com carinho.

Paz profunda e Luz...
Paty.

Maysa disse...

AC
Os amores "verdadeiros" serão todos incondicionais.
Já postei aqui o belo poema de CDA : As Sem Razões Do Amor, pois assim me jogo na vida... um pouco como minha neta quando sobe na amoreira. Nem sempre teremos quem sacuda os galhos para colhermos os doces frutos! Talvez só os avós saibam a hora!rsrsrs
PS: Lembrei para Ana que AMORA é Amor com um A, a mais!
Beijo
Maysa

Maysa disse...

Pathy

Já voltastes? Ou ainda estás na Capital? rsrsrs
Estou com esperança de organizar meu horário,e nele incluir a dança!
Querida,na noite de ontem, os dois pequenos dormiram ouvindo O CAMPONÊS E A SERPENTE.Graças ao entusiasmo de Marta, e também de Ana Luisa, quando contam histórias já inclui esta no meu repertório!
Beijão, a gente logo se vê!
Maysa

Berzé disse...

Maysa,
Estava de férias, volto e volto a te ler. É muito bom. Parabéns!
Berzé

Maysa disse...

Oh! Berzé1

Que bom! que bom!
Vou seguir te acompanhando, também. A gente, sempre que pode, escolhe as melhores companhias! você , seu blog, seu traço, seus temas...hum tudo de bom!
bj
Maysa

Unknown disse...

Maysa, estou de volta sim!

Que lindo você se sentir assim tão estimulada e repassando os contos pra meninada. Naqueles nossos dias de contos com Martha e Ana Luiza, eu lembrei deliciosamente da minha coleção enciclopédica que tenho até hoje, cheinha deles. Como eu me deliciava nas letras, nas estrofes, no cheiro da capa dura e nas ilustrações criativas... Vou tratar de trazê-los pro Rio, pra bem pertinho de mim. Vou resgatar esses trechinhos de mim. Acabei de decidir! Obrigada por este despertar.

E que notícia maravilhosa sobre a dança! É um grande presente que você pode se oferecer... Sua alma lhe agradecerá por deixá-la voar na experiência do corpo em melodia...

Beijos carinhosos.
Paz e Luz...

Maysa disse...

Paty

Tecemos cada manhã, com sol ou chuva.
A dança,o canto,o escrever estão incluídos como parte minha vida! Se nos perguntam por que nos afastamos do que nos é caro,nem sempre sabemos os motivos.
Prá tudo existe o momento da descoberta, do início ou da partida...
Traga sim teus livros para perto!
e nos intervalos vamos dançar,voar, cantar, escrever...